Empresária encontra no teatro refúgio para vencer obstáculos da Afasia

 Buscando encenar novos capítulos em sua trajetória, após um AVC desencadear a doença como sequela, Sonia Reinol ressignifica seu tratamento através das artes


Há 12 anos, ela tinha uma vida bastante agitada no ramo de eventos, onde era responsável pelas negociações com os clientes, contratos e toda a parte de comunicação da empresa. Em uma manhã como outra qualquer, sofreu um AVC, ficando em coma por 14 dias e, após esse período, ao acordar se deparou com a afasia como sequela


Em março de 2022, o mundo voltou seus olhares para a aposentadoria do astro norte-americano Bruce Willis, após o diagnóstico de afasia. A partir de sua declaração, a procura por informações referentes a doença, sintomas e causas aumentaram exponencialmente. Muitos ficaram intrigados com os efeitos do diagnóstico que simplesmente deleta de nossa mente alguns dos significados mais básicos, como por exemplo, não saber diferenciar a palavra “vendo”, no sentido do verbo ver, da palavra “vendo”, no sentido de vender. Assim como simplesmente esquecer o significado de uma palavra simples como “café”. 


Embora o caso mais conhecido e notório seja o de Bruce Willis, o problema está bem próximo de nós. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o AVC atinge aproximadamente 15 milhões de pessoas no mundo e a afasia pode ser uma das sequelas. E foi exatamente o que aconteceu com a empresária e atriz, Sonia Reinol. Há 11 anos, ela tinha uma vida bastante agitada no ramo de eventos, onde era responsável pelas negociações com os clientes, contratos e toda a parte de comunicação da empresa. Em uma manhã como outra qualquer, sofreu um AVC, ficando em coma por 14 dias e, após esse período, ao acordar se deparou com a afasia como sequela. “O seu corpo está lá, você está bem e sorrindo, mas não consegue falar com as pessoas e isso é muito doloroso. Eu fiz e faço de tudo para melhorar a cada dia, fui em busca do teatro que me ajudou a ressignificar as palavras, o que é muito difícil, mas meu esforço tem que ser diário, não posso desistir’’, lembra Sonia.


A afasia afeta a capacidade das pessoas de lerem textos, falar, entender falas, diferenciar sons e escrever. Sonia relembra que no início do tratamento, era muito difícil aceitar e entender o que estava acontecendo com ela, pois conseguia compreender as coisas, porém, não conseguia repassar isso na fala. Um dia estava perto de um cartório e leu um anúncio falando sobre escola de teatro e simplesmente pensou que ali estaria parte do seu tratamento. Começou a estudar todos os sábados por 4 horas. Mesmo com os esquecimentos ou com muito esforço para entender palavras que muitos parece simples, ela conseguiu dar vida ao papel de Madame Clessi, desta forma, ressignificou seu processo de cura, começando assim uma nova profissão.


Durante todo esse tempo lutando contra a afasia, a empresária encontrou na própria comunicação uma forma de expressar e conscientizar todos que passam por isso na família ou que estejam vivendo na pele, narrando sua história para o jornalista Paulo Miller para a criação de seu livro A Filha do Rei. Com a obra ela espera dialogar com o público para que entendam melhor o sentimento e os desafios do dia a dia de uma pessoa com afasia e não só a doença em si.


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