4 de fevereiro é o Dia Mundial de Combate ao Câncer – e só quem já experimentou a pavorosa situação de ver um familiar ou um amigo desenvolver a doença, não raro até o óbito, sabe da importância dessas datas de conscientização.
São datas que nos obrigam à
reflexão sobre o problema – e, neste momento, não poderia ser diferente: no
último dia 2, por exemplo, o Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro,
realizou encontro sobre o tema, e não faltaram profissionais sérios que lidam no
seu dia a dia com a doença[1].
Nesse encontro, a primeira notícia não é das melhores: não será o
combate ao câncer que ajudará o Brasil a cumprir a meta proposta pela ONU
(Organizações das Nações Unidas) de reduzir, em um terço, as mortes prematuras
verificadas por doenças não transmissíveis, entre os anos de 2010 e 2030. No
atual ritmo, as mortes por câncer colorretal deverão aumentar em torno de 9%, a
exemplo do câncer de mama (previsão de aumento de 4% no Centro-Oeste, região
onde trabalhamos). A exceção fica por conta do câncer de pulmão – que deverá
diminuir por conta das campanhas contra o tabagismo.
O motivo por detrás desse quadro é um só: a não realização de exames.
São os diversos tipos de exames que dirão se há ou não câncer de fato,
qual a região do corpo que encontra comprometida e qual o tratamento
recomendável. Não há outro jeito – é preciso examinar para salvar (e, o quanto
possível, examinar precoce e rotineiramente). Examinar salva; não examinar
mata.
O motivo da sua não realização, prosseguem os pesquisadores, é a
localização geográfica dos pacientes. Exatamente: é a localização da residência
que define quem vai viver e quem vai morrer de câncer.
Cidades mais afastadas dos grandes centros, com menor acesso aos tais exames, são as que mais sofrem – e
não é por coincidência que a Região Norte, de pior acessibilidade, é que exibe
as piores perspectivas.
Deslocamento e estadia – eis as chaves da problema.
A chave da solução, portanto, é investir na regionalização da saúde –
diretriz, como visto, mais do que correta, e que foi adotada pelo Estado de
Goiás (da qual o Imed tem a honra de participar, na qualidade de gestor atual
do HCN – Hospital do Centro-Norte, referência em combate ao câncer na região e
no Estado). Levar o tratamento, ainda que de alta complexidade, a todas as
regiões não é mais uma opção: é uma necessidade.
É verdade que o trabalho do HCN está apenas em seu começo, com pouco
mais de seis meses de atuação no combate ao câncer – mas não é menos verdade
que campanhas como Outubro Rosa e o Novembro Azul (que incentivam a prática da
realização de exames), conduzidas pelo Hospital junto a Uruaçu e região, mudam
a cultura (e, por consequência, o destino) de toda uma população.
A importância de um exame, por
mais simples que seja, é a importância de uma vida. É bom saber quando se está
no caminho certo para salvar.
Diretoria do IMED
[1] Folha de S. Paulo, edição
de 04.02.23, matéria intitulada “Acesso a tratamento cria um cenário desigual
no combate ao câncer no país”.