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Opinião - O papel das escolas frente ao racismo

  O papel das escolas frente ao racismo

No fim de maio, o Brasil se chocou com os ataques racistas sofridos por Vini Jr, um dos maiores jogadores de futebol do mundo. As ofensas escancaram um racismo que, em geral, se manifesta de forma velada, mas precisa ser combatido por toda a sociedade. E as escolas têm um papel fundamental nesta discussão. 

O próprio Vini Jr defende que o combate à estrutura racista precisa começar desde cedo. Ele criou um instituto que desenvolve um programa de educação antirracista para as escolas e tem como lema “a base vem forte”, por entender que a nova geração não vai mais reproduzir ou tolerar a prática de preconceito. 

É na escola onde crianças e adolescentes constroem os primeiros aprendizados e fazem descobertas sobre a vida. É também nesse espaço em que têm as primeiras experiências de preconceitos e violências, por isso, é importante que os educadores e pais tenham consciência da importância do combate do racismo no ambiente escolar e, principalmente, dentro de casa. 

O ensino antirracista é obrigatório no país há 20 anos, desde que uma lei em 2003 incluiu o ensino da História e Cultura Africana e Afro-brasileira nas salas de aula. Porém, uma educação que busca combater o racismo precisa ir além de apenas mudanças curriculares.

O primeiro e mais importante passo é que as escolas não tolerem qualquer provocação pejorativa, tratando como brincadeira ou algo menor. Racismo é crime e muito sério. Qualquer tipo de manifestação precisa ser coibido de forma rápida e incisiva. 

Outra mudança importante é revisitar a forma como os conteúdos são pensados dentro da escola. Essa revisão, que é prevista pela lei de 2003 sobre o ensino da História Africana, faz com que a raiz do racismo seja apresentada aos alunos. A educação antirracista requer coragem, porque ela perpassa questões que a sociedade finge não ver. 

O Brasil é conhecido por praticar um racismo velado, ou seja, todo mundo sabe que acontece, mas finge não existir. O combate a essa discriminação passa primeiro pelo seu reconhecimento e isso exige muita coragem.

Enfim, as escolas precisam reconhecer na educação o caminho para combater os ataques racistas de maneira efetiva e as famílias precisam abraçar a parceria. É uma mudança que causa desconforto nos educadores e nos pais, porque a convivência nos faz perceber comportamentos e pensamentos démodés. Um desconforto necessário para que, de fato, comecemos a mudar a estrutura preconceituosa existente. 

Como afirma Nelson Mandela, “ninguém nasce odiando outra pessoa por sua cor da pele, sua origem ou sua religião. As pessoas podem aprender a odiar e, se podem aprender a odiar, pode-se ensiná-las a aprender a amar. O amor chega mais naturalmente ao coração humano que o contrário”.


Tatiana Santana é diretora do Colégio Externato São José e coordenadora regional da ANEC (Associação Nacional de Educação Católica do Brasil)

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