Profissionais prestam serviço à população e ficam mais próximos das demandas e dúvidas dos pacientes
Créditos: Divulgação
Mais de 155 milhões de brasileiros com mais de 10 anos de idade têm acesso à internet. O número representa 84,7% do total de pessoas com essa faixa etária no país. Os dados são do IBGE e fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2021, a mais recente divulgada sobre o assunto.
O Brasil é o terceiro país com o maior número de acessos às redes sociais, ficando atrás apenas da Índia e da Indonésia. As plataformas mais acessadas pelos brasileiros incluem YouTube, Facebook, Instagram, TikTok, Kwai e Twitter, de acordo com o relatório "Tendências de Social Media 2023" da Comscore, uma empresa norte-americana de análise de dados e tráfego na internet.
Nesse cenário, muitos profissionais estão aproveitando a oportunidade para criar conteúdo e disponibilizar informações verdadeiras e de qualidade para o público. Isso inclui médicos como o cardiologista Gustavo Lenci Marques, que trabalha nos Hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru. Durante a pandemia, ele criou um canal no YouTube para fornecer informações embasadas em pesquisas sobre a covid-19. Atualmente, o canal possui quase 70 mil inscritos e seus vídeos já acumularam mais de 3,5 milhões de visualizações. “Hoje, busco trazer informações importantes da área médica, de diferentes especialidades. Por muito tempo, os médicos do meio acadêmico tinham medo de ir às redes sociais, e isso deixou espaço que foi preenchido com informações inverídicas ou não bem interpretadas. Eu acredito que profissionais qualificados de todas as áreas precisam ocupar esses espaços“, avalia o cardiologista.
Conhecimento para todos
O compromisso de compartilhar conhecimento está enraizado no juramento de Hipócrates, feito por médicos ao final da faculdade. A última versão desse juramento é do ano de 2017 e foi editada durante a 68ª Assembleia da Associação Médica Mundial, em Chicago, nos EUA. “Partilharei os meus conhecimentos médicos em benefício dos pacientes e da melhoria dos cuidados de saúde”.
Para o ortopedista do Hospital São Marcelino Champagnat, Antônio Krieger, a internet é uma forma de expandir o trabalho médico e aumentar o acesso ao conhecimento para a população. “Nosso papel vai além de apenas diagnosticar e medicar os pacientes. Nós temos uma função social de educação, de conscientização, de promoção de saúde, de prevenção de doenças. A medicina deve ir além da fronteira do consultório e a rede social é uma ferramenta que nos permite dar acesso à população a esse tipo de conteúdo, garantindo que as pessoas consigam separar o joio do trigo, tendo fontes confiáveis de informação”, comenta.
O ortopedista começou a produzir conteúdo na internet há cinco anos, quando abriu um perfil profissional no Instagram. Atualmente, Krieger tem cerca de 20 mil seguidores na plataforma, além de contar com um canal no Youtube para quase 4 mil inscritos.
Linguagem acessível
De nada adianta oferecer um bom conteúdo se ele não é compreendido pelas pessoas. É por isso que um dos cuidados principais é buscar uma linguagem acessível. O urologista do Hospital São Marcelino Champagnat, Mark Neumaier, acredita que a compreensão tem que ser buscada em todos os ambientes. “A forma como eu me comunico nas redes sociais é a mesma que utilizo em consultas médicas. É preciso simplificar para se fazer entendido. Por isso, falar com ‘zero’ jargões é o ideal”, defende o médico, que também faz parte da equipe do Hospital Universitário Cajuru, que tem atendimento 100% SUS.
O urologista afirma que começou a criar conteúdos após o exemplo de outros colegas já engajados nas redes sociais. “No início, parecia desnecessário, mas quando você entende que é uma maneira de ajudar mais pessoas, vira necessidade”, complementa. Neumaier possui mais de 22 mil seguidores no Instagram, com conteúdos voltados à rotina urológica e saúde do homem.
Para o diretor médico dos Hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, Jarbas Motta Junior, a presença dos médicos nas redes sociais é uma vantagem do mundo conectado. Ele enfatiza a importância de os médicos servirem como fontes confiáveis de informação em um cenário onde muitas pessoas buscam conteúdo na internet. "Os médicos são aliados importantes na busca de uma sociedade que compreende melhor o mundo e, também por isso, melhora a própria vida", conclui.