BRB

O Uso da Tecnologia na Infância: Benefícios e Desafios para o Desenvolvimento das Crianças

 O avanço da tecnologia nas últimas décadas transformou a forma como vivemos, trabalhamos e nos comunicamos. Esse impacto também atinge as gerações mais jovens, que crescem em um ambiente cercado por dispositivos eletrônicos, como smartphones, tablets e computadores.

Por Christian Tadeu- Presidente da Confederação Assespro


 A tecnologia está cada vez mais presente na vida das crianças, e o uso desses recursos durante a infância levanta tanto oportunidades quanto desafios para pais, educadores e a sociedade. 

Embora a tecnologia ofereça uma série de benefícios ao desenvolvimento infantil, como acesso a conteúdos educativos e estímulo à criatividade, o uso inadequado ou excessivo pode trazer consequências negativas, incluindo problemas de socialização, saúde mental e dependência. O equilíbrio entre aproveitar os aspectos positivos e mitigar os riscos é fundamental para garantir que as crianças cresçam em um ambiente digital saudável e enriquecedor.

Benefícios da Tecnologia para o Desenvolvimento Infantil 

A introdução da tecnologia nas rotinas infantis, quando realizada de maneira controlada e com foco em conteúdos apropriados, pode ser um grande aliado no processo de aprendizado e desenvolvimento das crianças. Plataformas digitais, aplicativos educacionais e jogos interativos proporcionam um ambiente estimulante, onde as crianças podem aprender de forma divertida e engajante. 

“Tecnologias como aplicativos de alfabetização, jogos educativos e até robótica estão ajudando a tornar o aprendizado mais dinâmico e acessível”, afirma Christian Tadeu, presidente da Federação Assespro. “Elas permitem que as crianças desenvolvam habilidades cognitivas, como raciocínio lógico, resolução de problemas e criatividade, desde uma idade muito precoce.” Além disso, o uso de tecnologia pode contribuir para a inclusão.

Além disso, o uso de tecnologia pode contribuir para a inclusão de crianças com necessidades especiais, oferecendo ferramentas adaptativas que facilitam o aprendizado e a comunicação. Por exemplo, crianças com dificuldades de fala podem utilizar aplicativos para se expressar, e crianças com dificuldades motoras podem participar de atividades que seriam impossíveis de outra forma.

O Olhar Psicológico sobre a Tecnologia na Infância

 Apesar dos benefícios, especialistas alertam para os riscos do uso precoce e excessivo da tecnologia na infância. A psicóloga clínica e escolar Andréa Minafra Reys Lamas apresenta um ponto de vista importante sobre a questão: 

“Como educadora e psicóloga, não defendo a inserção de tecnologias na Educação Infantil. Em casa, as crianças já estarão expostas a esses estímulos digitais, então, para que resguardemos o desenvolvimento neuropsicológico e psicomotor saudáveis, penso que o uso dos recursos tecnológicos seja implementado a partir dos 7 anos, quando as crianças iniciam, de fato, o processo de alfabetização - 1º ano dos Anos Iniciais.”  

Segundo Andréa, o foco na primeira infância deve ser o desenvolvimento motor e psicossocial. “Na infância, é fundamental que as crianças brinquem, corram, pulem, façam os movimentos de subida e descida para terem um desenvolvimento motor global, além de brincarem com massinha, desenharem, recortarem, manipularem objetos de diferentes texturas para que a coordenação motora fina tenha a maturação necessária, preparando-as para o período da alfabetização e para as diferentes fases do desenvolvimento humano.”


Ela também alerta para os impactos negativos das telas na neurofisiologia infantil. “Mesmo com o monitoramento de tempo, há implicações neurofisiológicas inquestionáveis quando uma criança, em plena fase de maturação neurológica, fica exposta às tecnologias. Incluo, nessa fala, o uso da televisão.”

Desafios e Riscos do Uso Excessivo de Tecnologia 

O uso excessivo e descontrolado da tecnologia na infância pode gerar consequências preocupantes. Um dos principais desafios é o impacto no desenvolvimento social das crianças. O tempo excessivo de tela pode limitar a interação social com familiares e amigos, afetando habilidades importantes como empatia, cooperação e comunicação.  

Outros desafios incluem a saúde física e mental. O uso prolongado de dispositivos eletrônicos pode prejudicar a qualidade do sono, levar ao sedentarismo e, em casos extremos, resultar em sintomas de ansiedade e depressão. Além disso, a exposição desprotegida a ambientes online pode colocar as crianças em situações de risco, como contato com conteúdos inadequados ou interação com pessoas mal-intencionadas.

Para Andréa, soluções saudáveis incluem estimular brincadeiras analógicas e atividades manuais: “Ao invés de televisão como apelo para distração, ouvir histórias, manusear livros e desenhar.” “Em troca dos jogos eletrônicos, montar quebra-cabeças, usar jogos de tabuleiro próprios para a idade e manusear massinha.” “Ao contrário da passividade diante das telas, produzir brinquedos com sucatas ou realizar tarefas que gerem resultados palpáveis e motivadores para a criança.” 

*Conclusão* 

O uso da tecnologia na infância é uma realidade que oferece grandes oportunidades, mas que também exige atenção redobrada por parte de pais, educadores e sociedade. Quando bem orientada, a tecnologia pode ser uma poderosa aliada no desenvolvimento infantil, promovendo aprendizado, criatividade e inclusão. No entanto, como enfatizam especialistas, é essencial priorizar experiências que estimulem o desenvolvimento motor, cognitivo e emocional, resguardando o equilíbrio necessário entre o digital e o analógico. A missão de todos é garantir que a tecnologia seja utilizada como uma ferramenta complementar, e não como um substituto para as interações e experiências fundamentais da infância.  

### Sobre o Autor


Christian Tadeu é Presidente da Federação Assespro, entidade que representa o setor de Tecnologia da Informação no Brasil. Com uma trajetória dedicada ao fomento da inovação e à capacitação profissional, acredita no poder transformador da tecnologia para impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país.


 ### Sobre o Autor

Andréa Minafra Reys Lamas, professora e psicóloga escolar e clínica, hipnoterapeuta com especialização em Programação Neurolinguística. 

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem